Tendências empresariais para 2026: o ano da governança jurídica, da segurança digital e da inteligência contratual
- rbsconcursos
- 8 de dez.
- 6 min de leitura

À medida que o ciclo empresarial de 2025 se encerra, observa-se que as empresas que sobreviveram — e prosperaram — não foram necessariamente as maiores, mas as mais bem preparadas juridicamente. Esse fenômeno, que ganhou força nos últimos anos, deve se intensificar em 2026, quando o ambiente corporativo brasileiro enfrentará um cenário complexo composto por transformação digital acelerada, aumento do escrutínio regulatório, amadurecimento do mercado de dados pessoais, novas dinâmicas de trabalho e expansão da litigiosidade.
Se em décadas anteriores a capacidade técnica e o capital eram fatores suficientes para sustentar uma empresa, em 2026 a sobrevivência dependerá de algo mais sofisticado: governança jurídica sólida, contratos inteligentes, cultura organizacional madura, e gestão profissional de riscos. Para muitos empresários, esse movimento ainda parece abstrato, mas os dados mostram que ele já está em curso.
Este artigo analisa, com profundidade e visão estratégica, as principais tendências que irão moldar o ambiente empresarial em 2026, destacando por que elas são cruciais e como o Direito — especialmente o Direito Empresarial, Societário, Contratual, Trabalhista e Digital — será o eixo estruturante de quem deseja crescer com segurança.
1. Governança Jurídica: de diferencial competitivo a requisito de sobrevivência
A primeira grande tendência que 2026 consolida é a ascensão da governança jurídica como fator determinante para competitividade. Um estudo da McKinsey (2024) identificou que empresas com processos estruturados de governança — especialmente aquelas com matriz contratual profissionalizada — têm 30% menos litígios, 22% mais eficiência operacional e crescimento quase duas vezes superior em mercados instáveis.
No Brasil, o amadurecimento da governança não será mais uma opção; será exigência.
Três movimentos explicam isso:
• aumento da fiscalização pública e privada,
• elevação da complexidade regulatória (LGPD, ANPD, compliance trabalhista),
• expectativa de investidores por negócios mais seguros e transparentes.
Empresas que ainda administram contratos, sócios e pessoas com improviso enfrentarão risco ampliado de conflitos societários, passivos trabalhistas, multas regulatórias e perda de oportunidades de investimento.
2. Consolidação da LGPD e explosão da judicialização digital
Se 2021 foi o ano da implementação tímida da LGPD, 2026 será o ano da responsabilização plena.
A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) ampliou sua atuação e já anunciou que intensificará auditorias e sanções. Ao mesmo tempo, o Poder Judiciário tem demonstrado rigor crescente com vazamentos de dados pessoais — especialmente de colaboradores.
Segundo relatório da IBM Security (2023), o custo médio global de um vazamento de dados atingiu US$ 4,45 milhões, o maior da série histórica. No Brasil, dados da Confederação Nacional da Indústria mostram que 39% das empresas já sofreram incidentes de segurança.
Em 2026, veremos três movimentos simultâneos:
• aumento de ações indenizatórias por vazamento de dados de funcionários e clientes,
• maior responsabilização de empresas que usam IA sem devido impacto jurídico,
• novos requisitos contratuais entre empresas e fornecedores envolvendo dados pessoais.
A empresa sem governança digital caminha para um passivo inevitável.
3. Contratos inteligentes e personalizados: o fim da era do modelo genérico
Outro grande movimento para 2026 será a exigência crescente por contratos robustos, técnicos e personalizados, que não apenas “formalizem” a relação empresarial, mas estruturem sua segurança jurídica.
Os empresários finalmente entenderão que:
• contratos sociais genéricos destroem sociedades,
• acordos de sócios mal elaborados alimentam litígios,
• contratos de prestação de serviços frágeis aumentam o passivo trabalhista,
• contratos digitais sem compliance alimentam riscos de LGPD.
Estudos da Harvard Business School sugerem que contratos mais claros e específicos aumentam em 25% a eficiência operacional e reduzem em 56% a probabilidade de litígios.
Em 2026, cláusulas como valuation, governança societária, mediação e arbitragem, confidencialidade, não concorrência, proteção de dados e responsabilidades tecnológicas serão mandatórias — e não mais diferenciais.
4. Crescimento dos litígios societários: o risco mais previsível (e evitável) do Brasil
Os tribunais têm registrado aumento expressivo nas ações envolvendo dissolução parcial, apuração de haveres, exclusão de sócios e conflitos sobre sucessão empresarial.
O motivo é claro: o Brasil ainda é um país de sociedades estruturadas por amizade, improviso e confiança emocional, e não por contrato.
Em 2026, veremos aumento de disputas envolvendo:
• falecimento de sócios sem previsão sucessória,
• sócios que desejam sair sem regras de valuation,
• novos sócios ingressando em condições desiguais,
• abuso de minoria e abuso de maioria,
• conflitos sobre earn-out, cláusulas de saída, quotas e governança.
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), 70% dos litígios societários poderiam ser evitados se houvesse acordos de sócios completos.
Empresas que desejam crescer precisarão compreender que governança societária é ferramenta de continuidade — não formalidade.
5. Compliance trabalhista e fortalecimento das políticas internas de proteção
Com a expansão dos conceitos de assédio moral, teleassédio, assédio organizacional e ambientes psicologicamente seguros, a tendência para 2026 é de endurecimento jurisprudencial e ampliação das exigências legais.
Relatórios da OIT apontam que ambientes tóxicos geram:
• queda de até 40% na produtividade,
• 50% mais absenteísmo,
• aumento significativo do risco de litígios.
A Lei 14.457/2022 já determinou medidas de prevenção ao assédio sexual e moral, e a jurisprudência pós-pandemia tem reconhecido danos decorrentes de práticas abusivas no ambiente digital.
Empresas que desejam evitar passivos precisarão:
• treinar líderes,
• adotar canais internos de denúncia,
• revisar códigos de conduta,
• estabelecer governança de pessoas,
• implementar CIPAA e compliance trabalhista.
2026 será o ano da profissionalização do RH sob a ótica jurídica.
6. Inteligência Artificial como ferramenta estratégica — e como risco jurídico
Empresas já entenderam que inteligência artificial aumenta produtividade, mas poucas compreendem o impacto jurídico de utilizá-la sem regulação interna.
Em 2026, veremos:
• crescimento de litígios envolvendo decisões automatizadas,
• aumento de responsabilização por vieses algorítmicos,
• necessidade de contratos mais técnicos com fornecedores de IA,
• regulamentações mais específicas no Brasil e no exterior.
Estudo do MIT (2023) revelou que 60% das empresas que adotaram IA sem políticas internas enfrentaram incidentes jurídicos ou reputacionais.
O diferencial competitivo será a empresa que integrar IA + compliance + contrato.
7. Blindagem patrimonial e planejamento societário estruturado
Com a volatilidade econômica, cresce a preocupação dos empresários com:
• riscos tributários,
• responsabilidade civil dos administradores,
• dívidas trabalhistas,
• sucessão familiar,
• separação conjugal envolvendo quotas.
Não é à toa que holdings patrimoniais e sociedades controladas têm crescido no Brasil.
Essa tendência continuará em 2026 porque:
• reduz riscos pessoais,
• organiza a sucessão dos sócios,
• melhora governança,
• atrai investidores,
• aumenta eficiência tributária.
Empresários maduros estruturarão seu patrimônio como empresa, e não como “caixa pessoal”.
8. Auditoria jurídica preventiva (“Legal Health Checkup”)
Assim como empresas fazem auditorias contábeis, cada vez mais farão auditorias jurídicas completas. Essa tendência é muito forte nos Estados Unidos e na Europa, e começa a ganhar corpo no Brasil.
Um Legal Health Checkup envolve revisão de:
• contratos,
• políticas internas,
• relação entre sócios,
• LGPD e proteção de dados,
• compliance trabalhista,
• riscos digitais,
• governança societária.
Empresas que adotam auditorias anuais reduzem em até 70% os custos com litígios, segundo pesquisa da Deloitte.
2026 será o início da popularização desse modelo no Brasil.
9. Cultura corporativa como ativo jurídico
Uma das maiores tendências — e talvez a mais ignorada — é a de que cultura organizacional passa a gerar responsabilidade jurídica direta.
Ambientes tóxicos alimentam:
• assédio moral,
• assédio organizacional,
• teleassédio,
• doenças ocupacionais,
• danos morais coletivos.
Tribunais têm reconhecido que a cultura da empresa, e não apenas o comportamento individual, pode gerar condenações. Isso muda tudo: o jurídico deixa de olhar apenas para contratos e passa a cuidar também de comportamentos, valores e práticas internas.
Em 2026, empresas bem geridas entenderão que cultura também é compliance.
Conclusão: 2026 será o ano da maturidade empresarial — e da maturidade jurídica
Empresas que atuarem em 2026 com improviso, contratos frágeis, ausência de governança e políticas ultrapassadas enfrentarão um cenário de riscos amplificados. Mas aquelas que investirem em segurança jurídica, inteligência contratual, governança de dados, compliance trabalhista e cultura organizacional saudável construirão diferenciais competitivos reais.
2026 não será o ano do juridiquês, mas o ano do jurídico estratégico. E quem compreender isso entrará no novo ciclo com proteção, eficiência e espaço para crescer.
Rodrigo Bezerra Advocacia — Estratégia, Governança e Segurança Jurídica para Empresas que Querem Crescer em 2026.
Nosso escritório está preparado para auxiliar empresas em:
• estruturação societária avançada,
• elaboração de contratos inteligentes e personalizados,
• implementação de LGPD e governança digital,
• compliance trabalhista e prevenção de assédio,
• planejamento patrimonial e sucessório,
• auditoria jurídica preventiva,
• mediação e prevenção de conflitos entre sócios.
Se a sua empresa deseja entrar em 2026 com solidez jurídica e visão estratégica, estamos prontos para atuar ao seu lado.
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