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Por que falar de assédio moral é vital para a saúde financeira e reputacional da empresa 

  • Foto do escritor: Rodrigo Bezerra
    Rodrigo Bezerra
  • há 2 horas
  • 3 min de leitura
assédio moral e reputação da empresa

      Embora muitas organizações ainda tratem o assédio moral como um episódio isolado ou como conflito meramente pessoal entre colaboradores, a verdade é que esse fenômeno possui efeitos profundos e complexos sobre a estrutura da empresa, afetando diretamente sua produtividade, sua reputação e, inevitavelmente, sua saúde financeira. Quando o ambiente de trabalho é marcado por práticas abusivas, não é apenas a vítima que adoece; adoece também a organização, que passa a carregar um passivo invisível capaz de comprometer sua longevidade. Conquanto pareça, em um primeiro olhar, que o assédio moral seja um problema individual, tudo na dinâmica empresarial indica que ele é essencialmente um problema corporativo.

 

      Porque o ambiente de trabalho é um organismo vivo, as violências que nele se instalam reproduzem-se silenciosamente até que seus efeitos se tornem incontroláveis. O Tribunal Superior do Trabalho, em seu Guia Prático por um Ambiente de Trabalho Mais Positivo, observa que o assédio moral interfere diretamente na capacidade produtiva da empresa, já que provoca afastamentos, adoecimento emocional e deterioração das relações internas. Em outras palavras, onde há violência psicológica sistemática, não há cooperação, não há engajamento e não há inovação possível. A cultura empresarial, quando contaminada por práticas abusivas, converte-se em solo infértil para qualquer estratégia de crescimento.

 

      Não obstante muitos gestores acreditarem que manter “pressão” sobre a equipe gera desempenho, a ciência organizacional tem demonstrado o oposto. Pesquisas publicadas pela Harvard Business Review em 2018 revelam que times expostos a ambientes hostis ou desrespeitosos apresentam queda de até trinta por cento na performance. Essa perda de produtividade não decorre de falta de competência técnica, mas de mecanismos psicossociais que desestruturam a segurança emocional do trabalhador, gerando medo, retração e fuga criativa. Assim, quando o assédio moral se instala, o impacto ultrapassa o aspecto jurídico: ele transforma o trabalho em sofrimento, e o sofrimento em queda de resultados.

 

      Os efeitos econômicos, como indica o próprio TST, são expressivos. Entre as principais consequências do assédio moral nas empresas, destacam-se:

 

• aumento do absenteísmo e afastamentos prolongados por transtornos emocionais;

• queda acentuada de produtividade, especialmente em equipes submetidas a gestão abusiva;

• aumento da rotatividade, que eleva custos de recrutamento, seleção e treinamento;

• adoecimento físico e mental, frequentemente associado a quadros depressivos e de ansiedade;

• crescimento exponencial da judicialização trabalhista;

• danos reputacionais que afetam a atratividade da marca empregadora.

 

      Esses fatores, quando combinados, produzem uma espiral de prejuízos que nenhum planejamento financeiro pode ignorar. Para se ter ideia, cada ação trabalhista envolvendo assédio moral pode resultar em indenizações que variam entre dez mil e quinhentos mil reais, conforme a gravidade e a reincidência. E quando há reconhecimento de assédio organizacional, isto é, quando o próprio modelo de gestão é considerado abusivo, os valores costumam ser ainda mais elevados, além de envolver risco de repercussão midiática negativa.

 

      Quando se analisa a jurisprudência recente, percebe-se que os tribunais têm adotado postura cada vez mais rigorosa. No julgamento do RR 2028-13.2012.5.02.0384, o TST reconheceu que práticas institucionais de isolamento e desqualificação configuravam assédio organizacional, e não apenas conflito entre indivíduos. Ao atribuir responsabilidade à empresa, o Tribunal reafirmou entendimento doutrinário consolidado por autores como Roberto Heloani, que destaca que o assédio moral deve ser compreendido como sintoma de falhas de governança e não como exceção comportamental de um ou outro gestor. Quando a estrutura organizacional legitima práticas abusivas, toda a empresa responde por elas.

 

      Porque a reputação corporativa se tornou um dos ativos intangíveis mais valiosos do mercado contemporâneo, ignorar o tema do assédio moral é negligenciar risco estratégico central. Uma empresa que tolera abusos perde talentos, atrai denúncias, enfraquece sua cultura interna e compromete sua imagem perante clientes, fornecedores e investidores. Em mercados competitivos, a reputação não é apenas ornamento institucional; ela é critério de sobrevivência. O dano reputacional, como se sabe, não se repara com facilidade, e seus efeitos permanecem mesmo após o encerramento do litígio judicial.

 

      É por isso que falar sobre assédio moral não é apenas necessário, mas vital. Quando a empresa reconhece que o tema não pertence ao âmbito pessoal, mas ao da governança organizacional, ela estrutura políticas internas de prevenção, fortalece sua cultura de respeito e cria ambientes de trabalho mais seguros, colaborativos e produtivos. Conquanto pareça que tais medidas demandam esforço inicial considerável, os benefícios superam amplamente os custos, pois garantem estabilidade emocional, sustentabilidade financeira e credibilidade institucional.

 

      No Rodrigo Bezerra Advocacia, auxiliamos empresas na prevenção, apuração e resolução de situações envolvendo assédio moral, estruturando programas internos de compliance trabalhista, treinamentos de liderança, políticas de conduta e mecanismos seguros de denúncia. Se sua empresa deseja proteger seu patrimônio humano, financeiro e reputacional, estamos prontos para oferecer a orientação jurídica estratégica que transforma riscos em segurança.



 
 
 

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