Quando o Ego é o Vilão: Como o Orgulho dos Donos Está Destruindo Empresas pelo Brasil
- Rodrigo Bezerra
- 18 de dez. de 2024
- 3 min de leitura

A extinção de sociedades empresariais é um fenômeno recorrente no Brasil e, muitas vezes, tem raízes que vão além de problemas financeiros ou econômicos. Um dos fatores mais negligenciados e ao mesmo tempo destrutivos é o orgulho ou ego exacerbado dos proprietários. A vaidade, quando não gerenciada, pode se transformar em um verdadeiro veneno para a saúde organizacional, levando à desintegração de negócios promissores e ao colapso de relações empresariais.
O impacto do ego na gestão empresarial
Empresas, especialmente as de pequeno e médio porte, frequentemente refletem a personalidade e as decisões de seus donos. Quando o orgulho toma as rédeas, ele pode comprometer a tomada de decisões racionais e estratégicas, substituindo a objetividade pelo desejo de afirmação pessoal. Em muitos casos, os donos acreditam ser insubstituíveis, dificultando delegações, criando ambientes hostis e centralizando decisões que deveriam ser compartilhadas ou analisadas com base em critérios técnicos.
Segundo dados do Sebrae, cerca de 30% das empresas brasileiras encerram suas atividades antes de completar cinco anos. Embora as causas apontadas variem entre má gestão financeira, falhas de planejamento e dificuldades de mercado, fatores relacionados ao comportamento do gestor são frequentemente ignorados nas análises. Estudos acadêmicos e relatos de administradores experientes destacam que o ego pode ser um fator silencioso, mas igualmente destrutivo.
Os sintomas de um ego descontrolado no ambiente empresarial
O orgulho, muitas vezes, se manifesta em práticas e comportamentos que deterioram a operação da empresa, tais como:
Incapacidade de ouvir conselhos ou críticas: Donos que acreditam ser infalíveis tendem a desconsiderar opiniões divergentes, mesmo que venham de consultores ou membros experientes da equipe.
Resistência à mudança: O apego excessivo a ideias próprias ou a modelos de negócio ultrapassados pode impedir a adaptação necessária para enfrentar mercados dinâmicos.
Conflitos internos: O orgulho frequentemente leva a desentendimentos entre sócios, dificultando a convivência e a execução de estratégias conjuntas.
Centralização excessiva: Proprietários com ego inflado resistem a delegar responsabilidades, comprometendo a eficiência e o crescimento da empresa.
Foco no poder, não nos resultados: A busca por validação pessoal pode desviar a atenção do objetivo principal da empresa: gerar valor para clientes, colaboradores e investidores.
Casos e números: a destruição causada pelo orgulho
Exemplos de empresas promissoras que enfrentaram dissoluções em razão de conflitos pessoais entre sócios não são incomuns. Estudos publicados por entidades como o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) revelam que a falta de alinhamento e o ego exacerbado dos líderes são causas recorrentes de rupturas em sociedades empresariais.
Além disso, uma pesquisa do Harvard Business Review apontou que cerca de 65% dos fracassos empresariais decorrem de conflitos internos e da falta de alinhamento estratégico, fatores muitas vezes impulsionados por egos inflados. No Brasil, isso é ainda mais crítico, dado o papel centralizado que os donos de empresas geralmente assumem.
Por que o orgulho destrói empresas?
O ego do dono, quando descontrolado, transforma-se em uma barreira que impede o crescimento sustentável e a longevidade da empresa. Ele mina a capacidade de adaptação, gera desmotivação entre colaboradores, causa rupturas em sociedades e, acima de tudo, afasta a empresa de sua missão original.
Em vez de servir ao bem coletivo do negócio, as decisões passam a servir ao ego do gestor, criando uma desconexão entre os interesses pessoais e os objetivos organizacionais. O resultado é inevitável: empresas com potencial de prosperar acabam sucumbindo a questões que poderiam ser resolvidas com maturidade e profissionalismo.
Este artigo é o primeiro de uma série que visa analisar as causas profundas da extinção de sociedades empresariais no Brasil. No próximo, abordaremos estratégias e soluções para lidar com o ego e transformar esse obstáculo em uma oportunidade de crescimento sustentável. Afinal, reconhecer o problema é o primeiro passo para superá-lo.
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